Na véspera tinha sido uma canseira. Aquela caminhada de quase 10 km em redor de Arroiolos foi um palmilhar louco, mas parece que mesmo assim não suficiente, porque para hoje tinha algo mais longo, a rondar os 15 km. E mais distante também, junto à albufeira do Alqueva, entre as aldeias da Amieira e de Alqueva.
Um detalhe: tratava-se de um percurso linear, por isso levámos dois carros. Aliás, um carro e uma auto-caravana, a do Zé e da Irene.
A partida estava marcada para as 10 horas. A ideia era irmos juntos mas o trânsito separou-nos ainda não tínhamos percorrido duzentos metros e acabámos por nos encontrar apenas na Amieira, no parque de estacionamento da praia fluvial.
Esta estava muito diferente do que seria esperado. Tendo sido inaugurada há apenas dois anos, a praia artificial não contou com a subida das águas e mais de metade do areal estava submerso. Bastante reduzido, o que se tornou evidente comparando o que se via com o plano que constava num cartaz existente no local.
Ali ficou a auto-caravana e fomos deixar o nosso carro a Alqueva, aldeia, onde depois de o parquear junto à igreja matriz e de um bocadinho ao sol na esplanada ali defronte se iniciou a caminhada.
Inicialmente fiquei um pouco desapontado. Olhando para o mapa e para o título do percurso, esperava um passeio sempre junto à lindissima albufeira da barragem, mas na realidade o estradão passa algo afastado da água.
A paisagem é mesmo assim agradável, especialmente nesta altura do ano, quando os campos estão cheios de flores.
Os quilómetros passavam e sucediam-se os campos de papoilas, estevas e, por vezes, com tantas flores diferentes que o que se via era um caleidoscópio de cor com contornos indefinidos… um mar de vermelho, lilás, amarelo, branco, azul.
Passou um ou outro carro, mas depois de chegarmos a um portão daqueles que se podem abrir e se devem deixar fechados o trânsito parou por completo o que melhorou a experiência.
Mais à frente fez-se um alto para descansar as pernas e confortar estômagos. Uma pausa bem vinda, especialmente pelas cadelitas pequenas do Zé e da Irene.
Passámos por uma quinta abadonada rodeada de vacas que, estando deitadas, se levantaram, curiosas, à nossa aproximação.
De seguida deveríamos encontrar uma anta pré-histórica, mas dela nem vestígios. Apenas as setas a indicarem a direcção. Estará também ela submersa neste ano de muita chuva e níveis elevados de água?
O passeio aproximava-se do fim. Entrámos na Amieira e aproveitámos para explorar um pouco as ruas desta agradável aldeia. Foi um gosto. Divertimo-nos com os pormenores, discutimos as técnicas de caiagem que ali ainda se usam, vimos as casas à venda e para alugar e dissemos olá às pessoas que por nós passaram.

E de volta à praia e ao ponto de partida. Uma pausa para um lanchinho no interior da auto-caravana, com chá de menta e bolinhos. Depois, a minha primeira viagem, mesmo que curta, a bordo de uma viatura deste tipo. Para reencontrar o meu carro, em Alqueva.
Aqui, o Zé e a Irene afastaram-se, de regresso a Évora. Nós fomos nas calmas, num final de tarde tranquilo e muito bonito. Mas ainda parámos em Portel, uma localidade que muito me agrada e junto à qual passo tantas vezes sem me deter.

Passámos devagar pelo centro histórico, observado as ruas e as casas tradicionais, e subimos para o alto de Santa Catarina, de onde se tem a melhor vista sobre a localidade. Ao estacional conhecemeos uma simpática cadela da raça Rafeiro Alentejano, que nos acompanhou na visita. O dono, que chegou uns segundos depois foi-nos avisando: “não faz mal nenhum, o único mal é ser tão dengosa e querer festinhas sem parar”. Era um senhor de ar distinto, o estereótipo de velho professor universitário, uma figura que fica na memória.
Subimos até ao alto, onde estão os moinhos e uma capela abandonada e pouco depois voltámos, para regressar por fim a Évora.
O Zé e a irene voltaram a aparecer em casa para jantar. Estive um bocado com eles mas passei tempo no covil, precisava de mais tempo a sós e hoje havia bom futebol para ver. Foi um serão bem passado.









