Dia 23 – Gustavo

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Este era para ser um dia em grande, tinha tudo para o ser. O meu amigo Gustavo vinha de Lisboa para passarmos o dia a explorar a região e a encontrarmos geocaches juntos. Estava tudo combinado, combinadissimo, por alto desde há semanas e com todos os detalhes acertados na véspera.

Por volta das dez teria início a passeata. Acordei um pouco mais cedo para ir à padaria comprar o pão para as sandes do piquenique delineado. Preparei duas com muito carinho, cheias de coisas boas, humus, queijo fresco, pepino, presunto, chourição, rúcula e outras delícias naturais. Adicionei uma garrafinha de sumo, pus tudo num saco. Preparado para a aventura.

O Gustavo chegou, já não o via há uns meses, é sempre uma alegria. E lá fomos, pelo Alentejo. Quilómetros rodados no seu carro mais ou menos novo, que ainda não tinha experimentado, em direcção a Estremoz.

A bem da verdade nem sei por onde andámos. Estradões de terra batida, antas e outros lugares resguardados. Cache encontrada, cache não encontrada. Mais quilómetros. Junto às muralhas de Estremoz para logo deixar a cidade para trás. E mais recantos desconhecidos.

Até que a festa acabou abruptamente. Chegou a chuva. Mais uma vez, neste Abril de águas mil. Lembro-me exactamente do momento em que atacou. Tínhamos deixado o carro junto a uma bonita igreja rural, encontrado a cache que ali existia e depois decidimos caminhar até uma outra que aparecia no mapa a uns 300 metros de distância.

Por essa altura já fitava a ameaçadora nuvem negra no céu, mas parecia-me que mesmo que estivesse disposta a largar a sua carga sobre nós, haveria tempo para ir e vir.

Estava enganado. Atravessámos um regato, encontrámos a fonte que vinhamos ver mas não a cache que era mesmo ao que vinhamos. E quando regressávamos ao carro começou um inferno. Uma molha monumental. Afinal já tinha percebido que a chuva aqui é tropical, mas ainda não a tinha experimentado no pelo. Foi hoje. E deu para mim e para o Gustavo.

Ainda tentámos a sorte mais algumas vezes, mas de cada vez que nos aproximavamos do ponto de paragem, parecia que alguém lá em cima jogava baldes de água sobre nós. Como se de um jogo do gato e do rato se tratasse. Até que percebemos que não haveria nada a fazer e encarámos a realidade: havia que desistir.

De volta a Évora, o Gustavo deixou-nos em casa e partiu para Lisboa. O resto do dia fiquei um pouco amuado. Apesar da chuva ter parado pouco depois já não saí de casa. E até não se esteve mal. Nota para o excelente jogo de futebol que me preencheu o serão. Paris Saint Germain 1 Manchester City 2.

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