Dia 26 – Cartuxa

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Este dia era para ser vazio, de pausa, sem nada a fazer. Mas acordou tão bonito que achei uma pena. Havia que encontrar algo e esse algo foi o Convento da Cartuxa, aqui às portas de Évora, como quem vai para Lisboa.

Já conhecia, mas apenas por fora. É um convento em funcionamento. Ou era, e será. O que se passa é que os quatro residentes da ordem dos Cartuxos envelheceram. Para o fim, o mais novo tinha mais de 80 anos. Precisavam de ajuda, de alguém que olhasse por eles, oferecesse o conforto e o cuidado que anciões dessa bonita idade merecem. E assim mudaram-se, foram acabar os seus dias para um outro convento da mesma ordem sito em Barcelona.

E aqui, um parêntisis para referir que o testemunho visual destes homens se encontra na epxosição fotográfica patente ao público neste momento na galeria de exposições da Fundação Eugénio de Almeida, junto ao Templo de Diana.

Convento da Cartuxa, fachada frontal, entrada

Portanto, idos os monges ficou o convento sem habitantes. Mas não por muito tempo, porque se espera que ainda este ano se mudem para lá um grupo de freiras de uma outra ordem. Neste momento decorrem obras de adaptação das instalações, e assim como assim, já que não se encontra habitado, a Fundação teve a feliz ideia de permitir visitas do público ao espaço anteriormente (e futuramente) reservado.

Chegámos rapidamente, na realidade até podiamos ir a pé, são menos de 2 km para cada lado, só que junto à estrada principal.

Umas meninas acabavam a visita e entrámos. Breve briefing. Visita livre mas limitada a 20 minutos. Estranho mas entendo, com a situação sanitária pretendem manter o espaço com pouca gente e também com pouca gente à espera. Até seria uma boa ideia para outros tempos. Ah, e a entrada é gratuita.

Vimos um claustro, com um jardim feito de sebes altas que criam corredores intransponíveis e uma fonte no centro. Logo ali se entende que o convento é um oásis de tranquilidade. O único ruido humano que se escuta é uma avionete tresmalhada que voa sobre a cidade.

À saída do jardim, seguindo as setas que limitam a visita, encontramos uma voluntária que alimenta um bando de gatos. Indica-nos o caminho. O passo seguinte é um exemplo das celas dos monges, celas luxuosas, autênticos apartamentos, austeros, claro, mas espaçosos e com diversos compartimentos.

Na saída perguntamos-lhe qualquer coisa e conversa puxa conversa, acabámos por ganhar uma visita guiada que detalhes muito interessantes nos revelou. Tivemos até direito a uma extensão dos vinte minutos, com a devida autorização e no final ficou a sensação de uma manhã muito bem passada.

No regresso a casa, foi relaxar, na vida calma e pausada que tem sido esta em Évora. Nem sempre, claro, mas maioritariamente.

Era fim-de-semana, calmaria. Mas um dia bonito e o primeiro fim-de-semana de regras de confinamento alargadas, com esplanadas a abrir pela tarde dentro.

Acabámos por sair para esticar as pernas. O ambiente nas ruas estava fabuloso. A cidade estava irreconhecível, parecia dia de festa.

Infelizmente, apesar da boa luz, estava um pouco fresco e soprava um vento desagradável. Por isso não fomos estrear a liberdade readquirida de sentar numa esplanada numa tarde de Sábado. Simplesmente caminhámos.

Passámos pelo Giraldo, onde a esplanada resistente tem agora a companhia de mais duas. Percorremos ruelas, certamente descobrindo novos recantos neste labirinto onde confundimos o visitado com o por visitar. A luz estava excelente para fotografia, estas ruas são lindas e inspiradoras.

Foi uma canseira agradável, voltámos já tarde, quase ao pôr-do-sol, e hoje tinha um jogo de futebol para ver. Numa partida de muitos nervos o Sporting conseguiu ganhar ao Nacional da Madeira, com o primeiro golo a surgir já para além do minuto 80 e um segundo, de penalty a fechar o jogo. Tudo está bem quando termina em bem.

Um dia bem passado.

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